Ali estava eu, em pé, quando tudo o que mais queria era fazer algo proibido. Era a mesma sensação, de quando criança, me levava de volta aquele tempo. A ordem que havia na arrumação da sala me dava aquela antiga inquietação nas pernas, mostrava o tanto que as crianças dali haviam crescido.
Quartos, sala, móveis, sofás, televisão. O avião havia atrasado mais de 2 horas e eu, recém chegado do aeroporto, ainda não me sentia a vontade soltar a mala e sentar no sofá que tantas vezes foi meu forte, meu submarino. A mancha no canto da parede quebrava a rigidez em que a casa se encontrava e me fez rever todas aquelas galáxias e constelações que via entre os tons de cinza e preto, naquela mancha que mais parecia com um buraco nego dentro daquele pequeno universo doméstico.
Me espanto agora com o tanto que uma vida, por minúscula que seja, é capaz de enraizar várias outras ao seu redor, e vovô fazia isso. Sua casa era mundo, um mundo que vejo agora tão fraquinho como suas pernas. Aquele velho, que na minha memória era apenas tosses, resmungos e choros no quarto ao lado, que andava quase sem vida há anos, mantinha unido os frágeis elos daquela família de minha infância. Sua enfermidade, seu ocilar entre a vida e a morte prendia todos às suas funções e a casa tornava-se algo vivo que se movimentava enquanto eu, pequeno, dormia e acordava ao longo dos dias, fazendo parte de seu ciclo, mas alheio a tudo isso.
Agora vejo como tempo é parado. A casa é sem vida. Vejo meu apressado retorno ao Casarão, devido a morte de meu avô, como uma viagem sem volta.
Quartos, sala, móveis, sofás, televisão. O avião havia atrasado mais de 2 horas e eu, recém chegado do aeroporto, ainda não me sentia a vontade soltar a mala e sentar no sofá que tantas vezes foi meu forte, meu submarino. A mancha no canto da parede quebrava a rigidez em que a casa se encontrava e me fez rever todas aquelas galáxias e constelações que via entre os tons de cinza e preto, naquela mancha que mais parecia com um buraco nego dentro daquele pequeno universo doméstico.
Me espanto agora com o tanto que uma vida, por minúscula que seja, é capaz de enraizar várias outras ao seu redor, e vovô fazia isso. Sua casa era mundo, um mundo que vejo agora tão fraquinho como suas pernas. Aquele velho, que na minha memória era apenas tosses, resmungos e choros no quarto ao lado, que andava quase sem vida há anos, mantinha unido os frágeis elos daquela família de minha infância. Sua enfermidade, seu ocilar entre a vida e a morte prendia todos às suas funções e a casa tornava-se algo vivo que se movimentava enquanto eu, pequeno, dormia e acordava ao longo dos dias, fazendo parte de seu ciclo, mas alheio a tudo isso.
Agora vejo como tempo é parado. A casa é sem vida. Vejo meu apressado retorno ao Casarão, devido a morte de meu avô, como uma viagem sem volta.
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Oi Ramiro!
QUe bom que você aceitou o convite do blog. Achei que você tivesse desistido da matéria, o que seria uma grande perda para a turma, porque já fiz uma matéria com você e sei o quanto suas opiniões são interessantes.
Você mudou bastante coisa no texto, não é? O estranhamento que senti ao ouvir o texto passou, agora que o li.
E gostei muito.
Beijos.
Juliana Caribé disse...
20 de agosto de 2008 às 18:27
o texto ficou mais denso, ramiro, mais forte. há mais coesão agora do que havia em sua primeira leitura. todavia há precisão de alguns reparos ainda, gramaticais. é preciso tb rever alguns erros de digitação, sim?
elizabeth disse...
21 de agosto de 2008 às 09:42
Gostei muito!
parabéns e obrigado!
Guilherme de Oliveira disse...
8 de setembro de 2008 às 12:32