- Mas o seu aniversário é só mês que vem Zi! A mensagem marcava o dia?
- Sim! E era clara!
- Mas existem montanhas por todos os lados! Como saber?
- Ainda tenho um mês para decifrar os detalhes.
- Seu pai não vai deixar você ir. Até parece que não conhece o velho! Como vai fazer? Quer que eu vá junto?
- Não Dedé. Esse é um trabalho que tenho de fazer sozinha. Eu vou dar um jeito.
- Cuidado Zi, qualquer coisa dá um toque.
O sinal bateu novamente, hora de voltar para a sala. Mais uma vez Ísis não percebeu o tempo passar, só conseguia pensar nas montanhas e, Demócrito estava certo. Como saber onde? Seu coração acelerava cada vez mais com a idéia de finalmente poder se encontrar com eles. Após tanto tempo de mensagens escondidas, agora era a hora da verdade. Estaria pronta?
- Ísis! - Chamou uma voz na porta da sala.
- Eu! - Disse a menina acordando do devaneio.
- Posso conversar com você na minha sala?
Era a coordenadora. O que será que ela queria dessa vez? Ísis vez por outra era chamada na sala de Sofia, uma senhora que conservava a beleza na idade e muito inteligente. Ísis não era má aluna, então imagina-se que não deveria temer, mas o olhar de Sofia parecia que entrava na alma dela e lia todos os seus sonhos medos e desejos. Isso dava medo.
- Claro... - respondeu Ísis trêmula.
As duas caminharam para a sala de Sofia em silêncio. Ísis estalava os dedos freneticamente enquanto, em vão, tentava fingir não estar nervosa.
- Aconteceu alguma coisa? - Pergunta Ísis tão logo pisam na sala.
Sofia sorri e aponta para a cadeira, convidando Ísis a sentar-se. Ísis evita o contato visual, fingindo estar interessada na decoração da sala. Sofia a observa por alguns instantes, cruza os braços em cima da mesa, como se pretendesse assim encontrar os olhos da menina, e devolveu a pergunta:
- Me diga você. Aconteceu alguma coisa?
Ísis não levanta a cabeça. Apenas cruza os dedos e diz um singelo "não". Sofia se apóia nos cotovelos e chega mais perto da jovem:
- Ei... olha pra mim! Isso! Tenho ouvido alguns comentários dos professores de que você anda muito distraída. No que anda pensando?
- Em nada. - respondeu a menina sem pensar.
- Hum... um garoto talvez?
Ísis gelou. Será que ela sabia do Demócrito? Não era possível! Ela escondia aquilo com todas as suas forças. Será que mesmo assim ela percebeu? Abaixou a cabeça e apertou os olhos, como se assim pudesse fazer com que os olhos de Sofia esbarrassem em suas pálpebras e não pudessem seguir a diante naquela quase hipinose.
- Não! - disse Ísis em tom de deboche. - nada de garotos por enquanto, tenho mais o que fazer!
Sofia achou engraçado, aconselhou a menina como qualquer coordenadora faria no lugar dela e devolveu-a para a sala.
- Se quiser conversar não exite em vir até aqui está bem? Eu vou adorar saber o nome dele... - disse em tom de provocação.
Naquele dia Ísis gostou mais de Sofia que antes. Por algum motivo passou a confiar nela um pouco mais. Ela sabia que não tinha enganado a coordenadora. Sabia também que, apesar do gelo de ter sua paixão secreta revelada, a distração não era culpa de garotos. Sofia também entendeu isso mas mesmo assim, respeitou o espaço de Ísis e deixou uma porta aberta para uma futura amizade. E, calculou Ísis, ter uma amiga adulta naquelas alturas do campeonato, não era nada mau. Ainda mais se fosse a coordenadora da escola! Bom, ainda tinha um mês para definir se ela era ou não digna de confiança. Afinal se seus planos caíssem em mãos erradas poderiam causar grandes estragos...
O sinal tocou novamente indicando o final da aula e Ísis saiu apressada para não perder o ônibus, mas quando chegou na porta teve uma idéia:
- Dedé, fala para o motorista que eu passei mal e que meu pai veio me buscar tá?
- Para onde você vai?
- Vou para casa a pé. Preciso pensar em algumas coisas e com o Gustavo em casa não dá.
- Mas e o seu pai?
- Hoje ele não vai em casa almoçar e minha mãe já deve ter saído para fazer compras. O que me dá em torno de uma hora. Daí é só chegar em casa e jogar a comida para o cachorro do vizinho. Ela não vai perceber nada!
- Então tá. Toma cuidado viu? Qualquer coisa me liga!
- Pode deixar!
Ísis saiu correndo pelo outro portão enquanto Demócrito carregava, meio a contragosto é verdade, o recado a ser entregue ao motorista. Talvez por isso Ísis gostasse tanto de Demócrito, ele estava sempre acobertando suas idéias, mesmo preocupado com ela. Fora todas aquelas sardinhas no rosto dele. Poderia existir algo mais fascinante que aquilo?
A menina não conseguia se concentrar bem em um só pensamento. Deveria descobrir onde, exatamente, se encontraria com eles. Quanto mais rápido descobrisse melhor seria para planejar como chegaria lá. Gostava da idéia de pedir ajuda a Sofia. Será que ela entenderia? Mas mesmo assim, o que diria aos pais? Afinal Ísis era uma boa garota, não gostava de mentir, isso sempre dava errado... mas como fazer então?
- Ei moça! - chamou uma voz atrás dela.
- Oi? - respondeu virando-se.
- Você sabe onde fica a montanha russa?
- Onde fica o quê? - Os olhos de Ísis brilharam.
- A montanha russa!
Eureka! Como ela não tinha percebido isso antes? Estava tão óbvio! A estrela de cinco pontas estava de cabeça para baixo! Montanha + cabeça para baixo = montanha russa! E ela vira naquela mesma manhã a propaganda do parque.
- Sei sim! Vem comigo!
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Gostei da personagem Sofia, mas eu gostei mais dela mais velha como você leu em sala.
Dani Marinho disse...
23 de setembro de 2008 às 09:14