Descrição de Demócrito

Fiz uma descrição do Demócrito, só um palpite, mexam à vontade. Mudei o nome neste texto porque não me sinto muito confortável com Demócrito, mas isso não significa que tenha que mudar o nome, mas fica pelo menos para pensar se fica Demócrito mesmo.

Otávio, amante do mistério, não tão somente porque gosta dos romances de Agatha Christie ou dos contos de Edgar Allan Poe. Mas porque ama saber que todas as pessoas guardam grandes mistérios, esse mistério humano objeto de sua paixão. Admira a imprevisibilidade, garante que não há nada de mais humano. Sua personagem favorita é Medéia, que primeiramente é apresentada como vítima para depois se tornar a agente do crime.
“Os homens são como cebolas, muitas camadas, mas não tem como se livrar delas, elas fazem parte das pessoas.” Como aspirante às artes culinárias, Otávio gosta de fazer essa comparação, os homens-cebola como sempre dizia. Desconfiava terrivelmente dos plenamente bons ou maus. “Uma pessoa que não consegue me mostrar camadas, é plana, uma tábua. Fico apenas na superfície e as melhores surpresas estão nos recheios, que é de uma pessoa sem recheio?” pensou saboreando uma deliciosa bomba.
Contudo, Otávio tendia a ser mais pessimista do que otimista no que se referia à figura humana, mas gostava de mostrar apenas sua face otimista. Encantava facilmente qualquer um, sempre cortês e confiante, era difícil não despertar empatia. Já era claro para ele que seguiria carreira no Teatro, poderia representar quantas pessoas quisesse e buscar esse mistério que todos guardam, até para fugir do seu próprio mistério que tanto teme. Otávio, nesse desejo louco, vira tantos outros que até esquece quem é.
Talvez o grande erro de Otávio seja achar que consegue ficar imune aos outros, acredita que suas máscaras são as mais discretas. Mas ele se engana, porque nesse grande baile de mascarados, a máscara de todos um dia cai. E de fato a máscara de Otávio cairá quando tentar se mostrar uma pessoa para Isis e outra para Iris. O que acontecerá é que ele acabará por esquecer quem de fato quem ele é. A vida pode até parecer um grande palco para representações diversas, mas as pessoas estão para além do que elas gostariam de representar.
Filho de dois servidores públicos, irritava-se constantemente com os pais, reclamava do cotidiano, das coisas sempre iguais. “Por que comer sempre sopa no jantar?” Diante de desafios como esse, aprendeu a se virar com os ingredientes. Logo cedo, começou a fazer combinações aparentemente esdrúxulas. Na maioria das vezes o resultado de suas experiências não são totalmente bem sucedidas, mas em cerca de 12% de suas loucas gastronômicas experiências, o resultado é uma explosão maravilhosa de sabores, difícil de explicar, perceptível apenas para o paladar. Silvia Maria, sua mãe, nunca esqueceu o sabor do bolinho de castanha-do-Brasil com recheio de queijo-minas.
Todavia, ela jamais provaria novamente tal sabor, é que Otávio era avesso a receitas, dizia que elas limitavam seus talentos e em suas palavras: “cada prato é um prato, impossível de ser imitado”. Assim, o menino jamais fazia uma iguaria igual a outra, todas eram diferentes. Com a cozinha e a representação, Otávio driblava o tédio do seu dia-a-dia. Mas era algo que lhe custava caro: grandes pilhas de louça na cozinha e a crise de identidade por ser tantos e não ele só.

2 idéia(s):

gente, eu preciso de entrar no outro blog
que é bloqueado.
porque lá tem os capitulos, e eu estou
precisando de lê-los para que eu possa criar um capitulo de isis depois do parque
=D

16 de outubro de 2008 às 00:51  

Galera, olha o capítulo que eu escrevi sobre a Íris escrevendo seu diário depois do parque.

Chegando do parque, Íris vai diretamente para seu quarto e pega seu diário. Afinal, naquele dia ela tinha coisas diferentes para contar. Começa com um sorriso de satisfação, lembrando do parque e descrevendo-o. Fala que foi um dos seus melhores dias, porque naquele lugar parecia que não existia solidão, que era o que mais sentia ultimamente. Ela se empolga tanto com o lance do parque, que até cria uma historinha, com alguns erros de gramática, mas muita alegria e enredo feliz. Ao escrevê-la, Íris toma a conclusão de que sempre haverá momentos bons, como o que ela viveu hoje.
No final do diário, ela cita o palhaço e depois comenta que boa parte da alegria do parque foi provocada por ele – homem velho, confuso, porém feliz. Depois de escrever um dos desabafos mais prazerosos, Íris fecha o diário e promete a si que ainda voltará àquele lugar fantástico. Afinal, todo mundo nasce é pra ser feliz, dizia ela sozinha e sorrindo.

1 de novembro de 2008 às 16:02  

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