Não gostei da idéia do Demócrito aparecer depois, achei que mudou demais o que já estava escrito, que eu gostei tanto, além de ter perdido alguns elementos, como o contato com a Sofia e a amizade com Demócrito. Gostei da idéia dele ser meio sacana, mas acho não precisa mudar tanto, ele podia se transformar no meio do livro, tipo aquele filme do sexto sentido? Que você nunca imagina que o cara está morto, mas quando vai assistir de novo repara que todas as provas dele estar vivo são na verdade complementos que a nossa imaginação fez? Tipo a novela das 20h que todo mundo torce para a Flora e do nada descobre que a mulher é assassina?
Então, tirei os elementos que provam que Demócrito é um bom menino, deixei mais aberto para a gente descobrir que ele é falso mais para a frente.
Então, pensando em algumas das idéias e trechos da Dani, refiz o capítulo que apresentei na sala:
- Mas o seu aniversário é só mês que vem Zi! A mensagem marcava o dia?
- Sim! E era clara!
- Mas existem montanhas por todos os lados! Como saber?
- Ainda tenho um mês para decifrar os detalhes.
- Seu pai não vai deixar você ir. Até parece que não conhece o velho! Como vai fazer?
- Eu vou dar um jeito.
- Cuidado Zi, qualquer coisa dá um toque.
O sinal bate novamente, hora de voltar para a sala. Mais uma vez Ísis não percebe o tempo passar, só consegue pensar nas montanhas e, Demócrito estava certo. Como saber onde? Seu coração acelerava cada vez mais com a idéia de finalmente poder se encontrar com eles. Após tanto tempo de mensagens escondidas, agora era a hora da verdade. Estaria pronta?
- Ísis! - Chamou uma voz na porta da sala.
- Eu! - Disse a menina acordando do devaneio.
- Posso conversar com você na minha sala?
Era a coordenadora. O que será que ela queria dessa vez? Ísis vez por outra era chamada na sala de Sofia, uma senhora que conservava a beleza na idade e que era muito inteligente. Ísis não era má aluna, então imagina-se que não deveria temer, mas o olhar de Sofia parecia que entrava na alma dela e lia todos os seus sonhos, medos e desejos. Isso dava medo.
- Claro... - respondeu Ísis trêmula.
As duas caminharam para a sala de Sofia em silêncio. Ísis estala os dedos freneticamente enquanto, em vão, tenta fingir não estar nervosa.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Ísis tão logo pisaram na sala.
Sofia sorri e aponta para a cadeira, convidando Ísis a sentar-se. Ísis evita o contato visual, fingindo estar interessada na decoração da sala. Sofia a observa por alguns instantes, cruza os braços em cima da mesa, como se pretendesse assim encontrar os olhos da menina, e devolveu a pergunta:
- Me diga você. Aconteceu alguma coisa?
Ísis não levanta a cabeça. Apenas cruza os dedos e diz um singelo "não". Sofia se apóia nos cotovelos e chega mais perto da jovem:
- Ei... olha pra mim! Isso! Tenho ouvido alguns comentários dos professores de que você anda muito distraída. No que anda pensando?
- Em nada. - respondeu a menina sem pensar.
- Hum... um garoto talvez?
Ísis gelou. Será que ela sabia do Demócrito? Não era possível! Ela escondia aquilo com todas as suas forças. Será que mesmo assim ela percebeu? Abaixa a cabeça e aperta os olhos, como se assim pudesse fazer com que os olhos de Sofia esbarrem em suas pálpebras e não possam seguir a diante naquela quase hipinose.
- Não! - disse Ísis em tom de deboche. - nada de garotos por enquanto, tenho mais o que fazer!
Sofia acha engraçado, aconselha a menina como qualquer coordenadora faria no lugar dela e acrescenta:
- Se quiser conversar não exite em vir até aqui está bem? Eu vou adorar saber o nome dele... - disse em tom de provocação.
Ísis se despede e volta para sala. Já estava quase na hora do momento de apreciação musical. O diretor da escola acreditava que momentos de música eram fundamentais para o desenvolvimento dos alunos; e dona Sofia se encarregava de rechear as terças e quintas com música clássica, segundas e quartas com música brasileira e a sexta com o hino nacional.
A escola ficava encantada, todos dedicavam aqueles cinco minutos apenas para a música. As caixas de um som velho, porém potente, ficavam voltadas para o pátio da escola sempre após o intervalo e, assim, a música ressoava pelos cantos silenciosos ou cheio de barulhos incômodos. Tudo virava uma coisa só unida pela melodia que banhava as salas. Este era o momento clímax das manhãs de Ísis, momento no qual ela tirava as melhores conclusões de suas pistas achadas nos mais diversos lugares, era o momento de reflexão e de descoberta dos códigos.
Naquela segunda-feira os violinos trouxeram alguma coisa de maturidade, que colaborou para que Ísis acreditasse um pouco mais na sabedoria que ela traz.
Naquele dia Ísis gostou um pouco mais de Sofia. Por algum motivo passou a confiar nela um bocadinho a mais. Uma paz lhe invadiu a mente quando entendeu que não tinha enganado a coordenadora. Entendeu que, apesar do gelo de ter sua paixão secreta revelada, a distração não era culpa de garotos. E Sofia sabia disso, mas, mesmo assim, respeitou seu espaço e deixou uma porta aberta para uma futura amizade. Ter uma amiga adulta até que podia ser uma boa, ela precisaria de toda a ajuda necessária. Ainda mais se essa amiga fosse a coordenadora da escola! Bom, ainda tinha um mês para definir se ela era ou não digna de confiança. Afinal, se seus planos caíssem em mãos erradas poderiam causar grandes estragos...
O sinal tocou novamente indicando o final da aula e Ísis saiu apressada para não perder o ônibus, mas quando chega na porta tem uma idéia:
- Dedé, fala para o motorista que eu passei mal e que meu pai veio me buscar tá?
- Para onde você vai?
- Vou para casa a pé. Preciso pensar em algumas coisas e com o Gustavo em casa não dá.
- Mas e o seu pai?
- Hoje ele não vai em casa almoçar e minha mãe já deve ter saído para fazer compras. O que me dá em torno de uma hora. Daí é só chegar em casa e jogar a comida para o cachorro do vizinho. Ela nem vai desconfiar!
- Então tá. Toma cuidado viu? Qualquer coisa me liga!
- Pode deixar!
Ísis sai correndo pelo outro portão enquanto Demócrito carrega o recado a ser entregue ao motorista. Talvez por isso Ísis gostasse tanto de Demócrito, ele estava sempre acobertando suas idéias e travessuras. Por algum motivo nunca se envolvia, mas sempre a apoiava. Fora todas aquelas sardinhas no rosto dele, poderia existir algo mais fascinante que aquilo? Quantas figuras podia formar com todos aqueles pontinhos que se apertavam em suas rosadas bochechas!
Ísis ia assim caminhando de uniforme azul e mochila nas costas, ora pensando em Demócrito, ora na coordenadora, ora nas montanhas... e a verdade é que não conseguia se concentrar em nada. Deveria descobrir onde, exatamente, se encontraria com eles. Quanto mais rápido descobrisse melhor seria para planejar como chegaria lá. Gostava da idéia de pedir ajuda a Sofia. Será que ela entenderia? Mas mesmo assim, o que diria aos pais? Afinal era uma boa garota, não gostava de mentir, isso sempre dava errado... mas como fazer então?
- Ei moça! - chamou uma voz atrás dela.
- Oi? - respondeu virando-se.
- Você sabe onde fica a montanha russa?
- Onde fica o quê? - Os olhos de Ísis brilharam.
- A montanha russa!
Eureka! Como ela não tinha percebido isso antes? Estava tão óbvio! A estrela de cinco pontas estava de cabeça para baixo! Montanha + ponta cabeça = montanha russa! E ela vira naquela mesma manhã a propaganda do parque.
- Sei sim! Vem comigo!
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Bem, a minha sugestão de Demócrito não como amigo de Isis é porque quando pensei nestas personagens, queria que tivesse o elemento de surpresa no encontro dos dois. Isis admirada com suas pintas, como se ali tivesse uma nova descoberta. O fato deles se conhecerem de certa forma banaliza as pintas do rapaz.
Mas nesta disciplina o legal é que a história segue caminhos inesperados, a gente pensa numa coisa e o colega na verdade tá pensando em outra.
Muitas vezes é uma descoberta maravilhosa e em outras é um conflito com a idéias que temos incialmente. Quis colocar na minha versão o encontro como tinha pensado primeiramente.
Prefiro que eles não se conheçam, mas se a turma como um todo preferir que eles sejam amigos, se decidirem que é melhor para o livro como um todo, melhor que assim seja! Só quis expor a minha opnião inicial mesmo.
Dani Marinho disse...
27 de setembro de 2008 às 00:51
Eu prefiro a versão da Naiara, onde eles já se conhece. Qualquer coisa a gente pode fazer um capítulo de flash back para o dia em que eles se conheceram, lá quando ela descobrir que ele não é flor que se cheire.
Não gosto muito da idéia de ter mais uma pessoa sabendo das montanhas, nem de ela ter uma amiga na escola, achei que a idéia era que ela não se encaixava muito bem, e que Demócrito era seu único amigo, até a aparição da coordenadora.
Bem, mas como a Dani disse, só quiz expor minha opinião!
Juliana Reis disse...
29 de setembro de 2008 às 13:19