Data: dia especial/ mês do meu aniversário/ meu 14º ano de vida
Querida Mélani,
Hoje foi um dia incrível! Nem consigo respirar direito de tanta empolgação... se eu escrever alguma coisa sem sentido, me desculpa tá? É que meus pensamentos estão muito mais rápidos que minhas mãos podem acompanhar... Por onde começo?...
Bom, hoje resolvi não vir de ônibus pra casa. Queria caminhar, ver meus personagens em “câmera lenta” digamos assim. Mas aí, uma hora... uma hora que eu nem vi direito, ele apareceu na minha frente... Um parque! E era lindo! Nossa! Como era lindo. Só as montanhas russas eram duas. Um carrossel que acho que fiquei horas observando cada um dos cavalos. Parece que eu conhecia todos eles e que eles também me conheciam...
Cavalinho Branco
À tarde, o cavalinho brancoestá muito cansado:
mas há um pedacinho do campoonde sempre é feriado..
O cavalo sacode a crinaloura e comprida
e nas verdes ervas atirasua branca vida.
Seu relincho estremece as raízese ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livresseus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!Desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,de crina dourada.
Cecília Meirelles
Adoro a Cecília Meireles, às vezes acho que ela pensa que nem eu! Rs...
Vi um outro brinquedo também que eram xícaras rodando e rodando. Até quis sentar lá dentro mas tive medo. Não de vomitar nem nada assim. Tive medo de que tudo mudasse pra sempre entende? As pessoas que entravam nas xícaras, quando elas rodavam, parecia que... Nem sei, Parecia que uma hora a luz ia sair de dentro delas. Sabe essa luz que todo mundo tem? Então! Parece que de tanto rodar uma hora a luz ia inchar e derramar pelo brinquedo com milhares de estrelinhas brilhantes escorrendo como se fosse uma enchente. Entende? A poesia que cada pessoa guarda escondidinha lá dentro dela mesma ia sair pra fora e se misturar com a das outras pessoas. Foi disso que me deu medo. É como se de repente todo mundo abrisse você e lesse o que está aqui dentro, o que está dentro de mim. Isso dá medo...
Ai Mélani... meu diário querido! Se você pudesse ter visto todas aquelas coisas... que dia maravilhoso eu passei! Ah! Tinha um palhaço também! Mas era um palhaço diferente sabe? Não era como esses que ficam no sinal vendendo pirulitos nem aqueles que a gente vê nos parques no dia da criança. Ele era um palhaço realmente divertido! Rs... e não se chamava Manuel! Hauhauhau Mas como era mesmo o nome dele? Já nem me lembro, ele me deixou confusa com todas aquelas rimas e aquelas mágicas. Acho que se pudesse nunca mais sair dali, não precisava.
“Tic tac o tempo vai passando
e a gente aqui sentado num banquinho conversando...
Tic tac o tempo vai passando
e a gente aqui sentado num banquinho conversando...”
Será que isso é uma música?... Tinha um brinquedo também que até agora não descobri bem o que era. Na verdade entrei e acho que nem estava funcionando. Era uma sala grande e escura com muitas máscaras. Achei que era um túnel do terror sabe? Mas não dava medo! Parecia mais um túnel do tempo. Eram máscaras bonitas, enfeitadas, algumas mais assustadoras, outras pareciam máscara de índio. Tinha uma igualzinha a que minha vó tem numa foto de quando ela era jovem. Acho que era de carnaval. Uma máscara bonita e brilhante. Eram tantas e tantas penduradas, em cima das mesas, de cadeiras... fiquei encantada! Depois comecei a pensar que talvez fosse um camarim. Mas não tinha roupa! Eram só máscaras. Não quis experimentar porque fiquei com medo de estragar, mas tinha uma que me lembrou o filme do Romeu e Julieta quando eles se encontram no baile a fantasia. Haha já me senti bailando e bailando esperando pelo meu Romeu...
Já estou começando a fica cansada... pena que não pude comer mais maçã do amor. Tinha de várias cores e tamanhos. Nunca tinha visto isso. Sabe que cada mordida tinha um gosto diferente? A primeira tinha gosto de morango! Nem acreditei. Mordi de novo e já tinha gosto de outra coisa.. Teve uma hora que mordi e tinha gosto de chocolate. Fiquei doidinha! Se minha outra vó estivesse lá, ia dizer que eu devia sair do sol, que isso mexe com a cabeça da gente e tal. Sei que a maçã era tão gostosa que nunca tinha comido nada daquele jeito. Ah! E sabe aquelas balinhas que explodem na boca? Não tenho bem certeza de que ela explodia, mas era isso que eu sentia. Foi estranho... e no final, Mélani, escuta isso que viagem... no final, eu não conseguia mais morder. Minha maçã do amor de repente esfarelou todinha no chão! Como pode? ... Será que amor também é assim? Se espatifa todo no final? Meu pai sempre ouve uma música assim:
“Me diz, me diz, me responde por favor!
Pra onde vai o meu amor, quando o amor acaba?”
Será que eu não cuidei direito dela? Por isso o amor acabou? Podia ter comido mais devagar, com mais cuidado e... espera um pouquinho... Ah... agora acho que entendi. Eu não comprei uma maçã do amor. A moça disse que as maçãs do amor já tinham acabado, então eu acabei comprando uma maçã da saudade...
Chega de saudade, a realidade é que sem o parque eu não posso viver...
Diz-lhe numa prece, que ele regresse, porque eu não posso mais sofrer!
É amiga, definitivamente tenho que voltar lá amanhã...
Boa noite!
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